26 de mar. de 2008

De sete em sete, uma pausa para crisalidar

Tenho vivenciado este período como se fosse me tornar borboleta. Só que antes de ser borboleta, é preciso ser larva, com toda a feiúra que lhe cabe.

Sempre me encantei com a beleza das borboletas, especialmente depois de conhecer o processo pelo qual elas passam até que estejam maduras o bastante para romperem a crisálida e se mostrarem tão estonteantemente belas.

Durante a fase de crisálida, a lagarta é transformada em borboleta. Dentro das crisálidas ocorre o seu processo de crescimento. Esta rápida e brusca mudança é chamada metamorfose. Quando a transformação está completa, a crisálida se rompe e a borboleta sai de seu interior.

Quando suas asas ficam esticadas e secas, ela está pronta para voar. Enquanto larva, busco uma nova lucidez, um novo degrau dentro do meu coração; e a beleza e prontidão para o vôo, no meu caso, têm a ver com a conquista desta clareza interior, que me revelará uma nova mulher e, certamente, uma nova escritora, já que escrever está para mim assim como fazer o mel está para a abelha. Fazendo uma retrospectiva, novamente me dei conta de algo que havia notado quando estudei Antroposofia e os preceitos de Rudolf Steiner: minha vida tem acontecido em setênios.

Na antiga cultura grega costumava-se dividir a vida humana em dez períodos de sete anos ou setênios. No início do século XX, Rudolf Steiner retomou essa idéia, que tem larga aplicação nos estudos biográficos realizados por psicólogos e médicos que trabalham orientados pela Antroposofia.

No meu livro "Alma Gêmea Segredos de um Encontro" descrevo mais detalhadamente essa teoria e como ela se desenrola em nossas vidas.

Mas aqui, agora, o que sei é que aos 7 e aos 14 anos de idade, minha vida foi marcada por acontecimentos familiares que influenciariam para sempre meu modo de enxergar as relações pessoais.

Aos 21, além de terminar a faculdade de jornalismo, casei e engravidei de meu único filho. Aos 28 tornei-me escritora de fato.
Hoje, prestes a completar o quinto setênio, seja por acaso, coincidência ou sincronia (os porquês me importam pouco neste processo), entrego-me à minha sombra e, diante dela, concentro-me na recriação de minhas asas, mas compreendo que ser larva é condição indispensável para que eu fique pronta para um novo vôo.
Rosana Braga

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