26 de ago. de 2008

Descoberta da sexualidade

Sexualidade é e sempre será um tema espinhoso. Combinada com a educação dos filhos, então, nem se fala! Pois é exatamente nessa situação delicada que estão muitas mães de garotas que já entraram na puberdade e vivem a adolescência ao modo contemporâneo.
Várias delas, muito comprometidas com a educação das filhas, inclusive na questão da formação dos valores, sempre encontram maneiras de se inteirarem dos costumes dos jovens para melhor orientá-las. E um fato as tem deixado bastante preocupadas.
É que muitas garotas têm curtido -como elas gostam de dizer- ficar com garotas, sem que isso signifique a descoberta de sua orientação sexual. Além disso, muitos jovens têm feito apologia da bissexualidade. Interessante é saber que eles associam isso à liberdade.
As mães acham que é um modismo, mas talvez possamos pensar melhor a respeito. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a descoberta da sexualidade adulta é um acontecimento importante na vida dos adolescentes. E essa descoberta ocorre, primeiramente, em relação às sensações.
A excitação física, o prazer, a satisfação dos impulsos e até o orgasmo são questões experimentadas com entusiasmo pelos jovens, e não sem razão. Ao lado disso, é importante lembrar que nosso contexto privilegia as sensações -portanto, essa questão, que já fazia parte da vida dos adolescentes, encontra-se potencializada. Eles são praticamente impelidos para essa busca. Ouvi uma frase interessantíssima de uma garota a esse respeito. Ela disse que se divertir com experiências sexuais tinha o mesmo sentido de ir a um parque de diversões e que viver tinha de ser divertido.
Outro ponto importante a considerar é a questão do corpo. Em fase de transformações nem sempre com resultados satisfatórios para eles, a aparência é o primeiro elo no que se refere à atração. Nesse momento da vida -e, pelo jeito, não mais apenas nesse período-, é a aparência que aproxima ou repele. E, como eles estão muito submetidos aos modelos de corpo impostos, têm grandes dificuldades em serem donos de seu próprio corpo. Isso gera uma conseqüência: se o corpo não lhes pertence, não conseguem cuidar dele segundo seus pensamentos e princípios. É quase uma dissociação entre o que pensam querer para si na vida e o comportamento que praticam. Uma garota de 13 anos disse que é totalmente contrária ao aborto, mas que, caso precisasse, certamente iria utilizar esse recurso.
Diante de tal complexo panorama, os pais têm muitas possibilidades de orientar os filhos na questão da sexualidade, mas sem esquecer que eles são bastante permeáveis às ideologias do mundo em que vivem e que a educação dada, por melhor que seja, não é vacina contra nada. Talvez o que mais funcione seja a formação coerente, que começa bem cedo, dos limites entre vida íntima e convívio social, da importância do respeito às diferenças e do ensinamento de que qualquer comportamento gera conseqüências.
Os pais precisam saber que a educação sexual de seus filhos não é uma questão separada da educação como um todo e que ela começa quando o filho nasce. Dedicar-se a ela quando os filhos são adolescentes pode ser tarde demais.
Rosely Sayão
Picture by Wassily Kandinsky

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