Cientistas que iludiram macacos trocando imagens de barcos a vela por xícaras descobriram como o cérebro aprende a reconhecer objetos, uma descoberta que pode levar aos robôs a capacidade de "ver".
"Uma das questões centrais de como o cérebro reconhece objetos e rostos é que a pessoa essencialmente jamais vê a mesma imagem duas vezes", disse James DiCarlo, professor associado de neurociências no Massachusetts Institute of Technology. Ele disse que os seres humanos não encontram problemas para reconhecer um cachorro, não importa que ele esteja correndo, deitado, abanando o rabo ou pedindo comida.
"O padrão de luz nos olhos jamais é o mesmo quando uma pessoa vê um cônjuge ou um cachorro, mas a pessoa sempre reconhece nessas imagens a criatura que ama", disse DiCarlo, cujo estudo foi publicado na revista "Science" desta quinta-feira. Os cientistas acreditam que as pessoas consigam compreender as imagens ao recolherem uma série de instantâneos sobre o mesmo objeto em um prazo curto de tempo.
"Mesmo que não vejamos as mesmas imagens duas vezes, imagens próximas no plano temporal tendem a ser imagens do mesmo objetivo", afirmou DiCarlo em entrevista por telefone. Para testar essa idéia. DiCarlo preparou uma experiência com dois macacos, na qual os cientistas tentaram iludir os animais de forma a levá-los a esquecer seus pressupostos sobre um objeto.
Os pesquisadores afixaram eletrodos às porções dos cérebros responsáveis pelo reconhecimento de objetos para testar especificamente mudanças em neurônios que reconhecem imagens de um veleiro. Os macacos ganhavam doces quando contemplavam uma tela contendo diversas imagens de um veleiro. Ocasionalmente, quando a atenção dos macacos se desviava, os pesquisadores substituíam uma das imagens de veleiro pela de uma xícara -mas apenas uma. Depois de algumas repetições, os neurônios que respondiam a imagens de veleiros nos cérebros dos macacos começaram a responder também a imagens de xícaras.
DiCarlo diz que o estudo com macacos repete procedimento parecido envolvendo seres humanos e sugere que é provavelmente assim que as pessoas aprendem a categorizar e reconhecer os objetos que vêem.
Reuters
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