12 de ago. de 2009

Caminho das Índias

Na Índia, a diversidade cultural se faz presente na música, nas religiões, nos costumes e não poderia ser diferente em relação às vestimentas.
Em cada região do país, podem-se encontrar diversos trajes que variam de tamanho, cores, tecidos, bordados e até mesmo na maneira de vestir. Além disso, o vestuário se modifica de acordo com o estado civil, linha filosófica, cerimônias religiosas e com cada estação do ano. Mas afinal, o que os indianos usam? Feminilidade nos trajes O sári é o traje mais tradicional na Índia. Trata-se de um longo tecido que é enrolado ao redor do corpo de diferentes formas, dependendo da região. Segundo Patrícia Romano, professora de dança indiana e dona da escola Natyalaya, em São Paulo, o sári é usado, principalmente, por mulheres mais velhas e casadas, assim como nas ocasiões festivas. “Há inúmeras cores de sári, diferentes bordados, mas o tamanho é um só: seis metros”, afirma a professora. Ela explica que quando o sári chega até sete metros de comprimento, já está incluso a blouse piece, um pedaço extra que é cortado e utilizado para a confecção da blusa, que bem justa é vestida por baixo do traje. Quanto às estações do ano, Patrícia conta que os sáris de algodão são utilizados no verão enquanto no inverno as indianas usam tecidos mais pesados. Essa vestimenta também muda de acordo com as ocasiões. “Os sáris mais simples são usados em casa ou para ir à feira. Já os de seda são para fazer visitas ou compras e os sáris com bordados mais pesados e com fios de ouro são para festas”, diz ela. Além disso, as características do sári se alteram em cada região da Índia. No sul do país, no estado de Kerala, por exemplo, a temperatura média é de 35 graus durante o ano todo e assim o sári de algodão é o mais usado, inclusive para ocasiões festivas. O que varia nesta situação é o tamanho da borda de fios de ouro. Por outro lado, nos estados do norte, como em Kashimir, a lã e a seda são mais procuradas para aliviar a baixa sensação térmica. Para Ratnabali, musicista e cantora indiana que mora no Brasil, os bordados do sári são importantes para caracterizar cada região da Índia: “No Leste, os bordados são vermelhos e os desenhos são de concha e de flor de lótus. No Oeste, os desenhos são de templos.” Considerando-se o estado civil, as viúvas vestem sáris brancos, o que representa a santidade e a passividade. Na cerimônia de casamento, as indianas usam sári vermelho, pois a cor remete ao amor e à paixão. Já para as solteiras, não há uma cor específica de vestimenta; podem vestir sáris coloridos. Além do sári, existem outros trajes femininos. A vestimenta de duas peças, calça e blusa, conhecida aqui como punjabi e na Índia como salwar kamiz foi criada pelas mulheres do estado do Punjab, que necessitavam de uma vestimenta mais prática, pois guerreavam ao lado dos homens. As duas peças também possuem variedades que são: churidar, pernas bem apertadas e patiala, pernas largas. Há ainda o lehenga tcholi, traje muito usado em casamentos que é composto por uma blusa curta, uma saia longa e um xale. A cantora Ratnabali cita o gaghara tcholi como uma roupa bastante usada pelas indianas. Saias longas rodadas e blusas bem justas compõem essa vestimenta. Moda para homens Geralmente os homens usam roupas ocidentais no dia-a-dia, porém o vestuário é mais específico quando há festas e rituais. Segundo Sri Govinda Das Adhikari, sacerdote brâmane e músico brasileiro, os indianos usam o doti, tecido grande enrolado como uma calça, e um manto para cobrir o peito. Esse traje é vestido principalmente em cerimônias de fogo, casamentos, Yagya, que são rituais de recitação de mantras, e em Pujas, cerimônias de oferenda para as divindades. As cores do doti variam entre branco, laranja e amarelo porque representam a espiritualidade da tradição védica. “O branco é usado por sacerdotes casados, o laranja pelos swamis, monges renunciados, e os dotis amarelos são usados pelos brahmacaris, estudantes celibatários da cultura védica”, esclarece Govinda. Os indianos que realizam rituais também podem vestir o lung: pano que é amarrado na cintura, ficando caído até os pés. Por baixo desse traje, os homens usam a cupina, que no ocidente seria a cueca. Já para quem assiste aos rituais, a vestimenta mais comum é o pajana, composto por bata e calça; seria o punjabi masculino. No inverno, costuma-se colocar um colete por cima da bata para se proteger do frio. Govinda explica ainda que as cores das roupas dos sacerdotes mudam segundo a linha filosófica que cada um segue. Dessa forma, os tântricos, por exemplo, usam vestimentas quase vermelhas. Portanto, para ele, os trajes são muito mais do que moda: “As vestimentas estão ligadas à tradição, aos costumes e também à religiosidade.” Natália Dourado

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