15 de set. de 2014

O segredo dos campeões

Concentração é uma forma de endurecer uma equipe, tornando-a mais resistente e, portanto, mais difícil de ser derrotada. Gritos e aplausos podem aumentar a motivação. Definir metas pode reduzir a ansiedade e estabelecer as bases para alcançar o sucesso. 

Mas construir o tipo de poder cerebral que influencia o desempenho atlético vai muito além das táticas psicológicas, que só arranham a superfície da verdadeira capacidade mental.

Há uma relação complexa entre pensamento e ação. Um exemplo: quando LeBron James, astro do Miami Heat, time de basquete da NBA, toma um toco (movimento em que o jogador abafa o adversário e dá um tapa na bola, geralmente impedindo sua progressão para a cesta) e, mesmo assim, consegue recuperar a bola para fazer um passe, sua mente e seu corpo trabalham em sinergia completa.


Em uma fração de segundo ele é capaz de examinar a quadra e entregar um passe perfeito, ao mesmo tempo em que ilude os defensores. Uma pesquisa conduzida pela Universidade de Harvard, que levou à criação do livro The winner’s brain (O cérebro do campeão), dos neurocientistas Jeffrey Brown e Mark J. Fenske, mostrou que a execução de cada movimento começa quando o cérebro estabelece uma meta: pegar a bola ou fazer o passe. Diferentes segmentos da mente entram em ação para ativar esse comando. Se há um problema ao longo do caminho, o cérebro vai fazer correções e rever seu plano. Só o fato de você pensar em corrigir um movimento pode afetar o seu desempenho ou resultar em erros inesperados. Isso é verdade tanto para nós como para LeBron James. A diferença é que o cérebro dele é muito mais eficiente em controlar e corrigir essas habilidades motoras.

A ideia de um “treinamento cerebral” para desenvolver qualidades de atletas ainda é recente e pouco explorada. De acordo com Jason Sada, Presidente da Axon Sports, empresa americana líder em treinamento cerebral atlético e que trabalha com várias associações e organizações esportivas pelo mundo, como a NBA e a seleção de futebol da Alemanha, por exemplo, a mente de um atleta também deve ser desenvolvida para desbloquear o seu pleno potencial. Usando telas sensíveis ao toque e jogos de computador que melhoram o tempo de reação e antecipação, entre outras habilidades cognitivas, a Axon ajuda atletas a ter mais respostas mentais do que eles poderiam no campo de jogo – sem todo o risco extra de desgaste. A intenção da empresa também é melhorar o reconhecimento de padrões, a tomada de decisão em alta velocidade e o foco. O objetivo final: criar o que a Axon se refere como o “cérebro Atlético”, uma máquina de alto desempenho que é pré-programada para antecipar, ler e reagir a cenários no jogo de forma mais eficaz.


O professor Jocelyn Faubert, da Universidade de Montreal, acredita que o domínio em qualquer esporte “não pode ser apenas físico”. E ele provou que essa afirmação é verdadeira utilizando um complexo processo de rastreamento de movimento em 3D. No estudo, atletas de diferentes níveis de habilidade viam esferas coloridas piscando em uma tela e eram convidados para acompanhar as esferas enquanto estas se moviam e mudavam de cor. Como previsto, Faubert e sua equipe descobriram que os atletas profissionais não eram apenas mais eficientes do que os não atletas, mas que também realizavam a tarefa em alta velocidade e iam melhorando com o passar do tempo.


A grande questão é saber se as características presentes nos cérebros dos atletas de elite, que os permitem atingir um alto nível de desempenho, são inatas ou se qualquer pessoa pode desenvolvê-las com o treinamento correto. Essa ainda é uma grande área de estudo, mas as evidências apontam que deve ser uma combinação desses dois fatores. A genética pode influenciar tanto quanto o ambiente, ainda mais quando se considera que o cérebro possui a capacidade de se ajustar conforme os estímulos recebidos. Confira a seguir quatro novas tecnologias de treinamento cerebral emergentes:
Piti Viera

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