31 de mar. de 2008
Morre lentamente...
Quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem destrói o seu amor próprio, quem não se deixa ajudar.
Morre lentamente
Quem se transforma escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto, quem não muda as marcas no supermercado, não arrisca vestir uma cor nova, não conversa com que não conhece.
Morre lentamente
Quem evita uma paixão, quem prefere o "preto no branco" e os "pingos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.
Morre lentamente
Quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho; quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho; quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente
Quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar...
Pablo Neruda
Vencendo seu pior inimigo na vida profissional
Qual é o seu pior inimigo na vida profissional?
Pausa para você refletir, antes de continuar a leitura .
Logo, logo, você vai saber sobre seu principal inimigo, mas antes deixe-me dizer alguma coisa sobre "inteligência".
Nunca essa palavra teve tantas adjetivações como hoje em dia. Fala-se em "inteligência empresarial", "inteligência espiritual", "inteligência emocional" e daí para diante.
Mas vou deter-me numa faceta da inteligência, há muito tempo conhecida e analisada, principalmente por sociólogos, a "inteligência social", ou seja, a capacidade de a pessoa conviver bem com os outros, compreendendo que cada um tem suas razões de ser como é e, repetindo o lugar-comum: ninguém tem o direito de julgar ninguém.
Se você pensar um pouco sobre o assunto, vai verificar como é importante a inteligência social para as empresas, as organizações, pois ninguém administra senão gente e aí está o grande desafio na arte de obter resultados. Ora, para conviver bem com os outros, quer em pequenas ou grandes equipes, numa atitude sincera de relacionamento, sem beijinhos e abraços hipócritas, é preciso ter harmonia consigo mesmo. Os beijinhos e abraços sinceros fazem bem a quem os dá e a quem os recebe. Para conhecer suas próprias reações, a pessoa precisa desenvolver a difícil arte de distanciar-se de si mesmo e ver como reage às outras pessoas, como enfrentar as adversidades.
Neste ponto, podemos fazer um ligeiro comentário sobre ser reativo ou proativo. O reativo age emocionalmente, gastando energias em vão e o proativo procura mudar a forma de ver as situações, mudando-lhes o significado; enfim, transformando desvantagens em vantagens. Os resultados são conseguidos com pessoas. Sempre são pessoas que levam você a subir em sua carreira: os que ajudaram a conseguir os resultados que você apresenta e aqueles que reconhecem seus méritos e lhe dão oportunidades.
Em geral, o maior inimigo da pessoa é sua reação emocional, sem controle, sem análise pelo intelecto, sem os freios da razão. Partindo do autoconhecimento é possível sentir empatia, isto é, a identificação e compreensão dos motivos, situações e sentimentos dos outros. Porque o outro age assim? A cada dia, você pode fazer uma análise de como está vencendo seu maior inimigo, que acontecimentos surgiram no dia anterior e como você reagiu a eles. Você pode até fazer isso por escrito. Dessa forma, você vai desenvolvendo a autodisciplina a fim de controlar a si mesmo.
Vale a pena,pois tudo o que se consegue na vida é por intermédio de pessoas e se você não sabe lidar com elas, não pode liderar, não pode chefiar e sua carreira vai para o brejo. Essa análise vai ajudá-lo a mudar de reativo em proativo, o que será mais uma grande conquista em sua vida profissional.
30 de mar. de 2008
Interdependência
Cataratas Vitória - "A Piscina do Diabo"
Afinidade
Afinidade é um dos poucos sentimentos que resistem ao tempo e ao depois.
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
E o mais independente também. Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido. Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras, é receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento. Não é sentir nem sentir contra. Nem sentir para. Nem sentir por. Nem sentir pelo. Afinidade é sentir com.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando falar, jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram, foram apenas oportunidades dadas pela vida.
Artur da Távola
Picture by Steven Meyers
A culpa
É triste ver que a maioria das pessoas não está na vida para desabrochar oseu potencial, mas para cumprir uma imagem idealizada de como deveriam ser.Não podem transgredir as regras impostas pela sociedade e, quando issoacontece, são atormentadas pela culpa.
O problema é que grande parte daspessoas ignora que o erro faz parte da vida, já que somos incompletos.Sempre erramos e sempre erraremos. Muitos dos avanços do mundo e da evoluçãoda humanidade se deram a partir do erro. Algumas vezes é preciso tropeçarpara aprender o caminho certo, pois a nossa transformação vem da consciênciado erro.
O erro é nosso mestre, é o que nos faz crescer. Se aprendermos comele, nos abrimos para novas oportunidades na vida. Já a culpa paralisa,amordaça. Se julgarmos o tempo todo, a vida é desprezada em sua totalidade. Não há espaço para crescimento.Sempre que saímos de um padrão estabelecido por nossos pais, nossa cultura,nos sentimos culpados. A culpa é uma dependência infantil. É a voz de alguémdentro de nós que nos acusa quando saímos de algum padrão. Embora nãosaibamos, esta voz foi internalizada quando criança.
É a voz do pai, da mãe, da professora, do padre etc. E quem sente muita culpa gosta de culpar asoutras pessoas. E as relações se deterioram pela tentativa de produzir culpano outro. É por isso que as pessoas se justificam tanto.Abrir mão da culpa é abrir mão do controle que queremos exercer sobre ooutro. É abrir espaço para o amor, pois a culpa é a inimiga dosrelacionamentos. É a forma de ficar preso ao passado. É viver de costas paraa vida. As pessoas deprimidas são cheias de culpa. Estão na vida para nãoerrar e não para viver.
29 de mar. de 2008
A verdade e quem quer ouví-la
Mikao Usui
Ele curava suas doenças.
Uma vez recuperados, os mendigos eram estimulados a buscar trabalho e assim deixavam as ruas.
Passado algum tempo, Mikao começou a encontrar caras conhecidas em sua peregrinação pelas áreas pobres da cidade.
Eram os mendigos que ele havia tratado, que estavam de volta às ruas.
Curioso, Mikao quis saber por que haviam voltado à vida anterior.
E um dos homens lhe respondeu que preferiam viver como mendigos. Era mais fácil...
Ele lhes curara as doenças, mas estes mendigos não estavam preparados para sentir o prazer de uma nova vida.
Não estavam preparados para receber novas dádivas.
Abalado, Mikao se questionava onde teria errado.
Foi então que Mikao lembrou o início do Caminho dos Abades...
“A cura mais importante é a do espírito.”
Faltara preparar o espírito daqueles homens para uma nova forma de vida.
Faltara ensinar-lhes como obtê-la.
Foi então que Mikao Usui criou os cinco princípios do Reiki, as cinco normas de vida:
Só por hoje, não sinta raiva e não fique zangado.
Só por hoje, abandone as preocupações.
Só por hoje agradeça as bênçãos.
Só por hoje, faça seu trabalho honestamente.
Só por hoje, seja gentil com o próximo e com todos os seres vivos.
Que tal seguir estes cinco princípios?
Só por hoje...
...a cada dia!
Reiki
Este equilíbrio é essencial para que o nosso organismo tenha um bom funcionamento pois é frequentemente desequilibrado com angústias, medos, ódios, raivas, preocupações, pensamentos e atitudes negativas, alimentação incorrecta, falta de autoconfiança e amor próprio e stress, entre outros.
A energia desarmonizada do nosso corpo, ao ser reequilibrada através do Reiki, promove a estabilidade, o aperfeiçoamento e a melhoria da qualidade de vida em todos os níveis do Ser.
O Reiki não tem nenhuma conotação religiosa; é para além de um sistema de cura natural, um método para a expansão da consciência, que nos coloca em contacto com a nossa verdadeira essência, despertando-nos o coração, o Amor Incondicional, levando-nos à comunhão com o Universo e proporcionando um gratificante estado de Paz Interior. O Reiki pode ser aprendido e praticado por qualquer pessoa.
O Reiki pode ser usado em conjunto com qualquer outro método de tratamento convencional (médico) e não dispensa a intervenção deste. O Reiki minimiza os efeitos secundários dos medicamentos e potencializa os seus efeitos.
Este método de cura é também usado para beneficiar animais e plantas.
28 de mar. de 2008
Lágrimas desertas
O cotidiano
Existir
Paciência
Ví uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais. Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.
Qual é a finalidade de sua vida?
A empresa que você trabalha vai acabar?
Respire...
Acalme-se...
O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência.
27 de mar. de 2008
A libido
A libido é um conceito muito trabalhado pela psicanálise que se constitui numa carga energética que tem origem na sexualidade. É importante ressaltar que a sexualidade não se localiza apenas no aparelho genital.
A libido é uma energia humana que faz os indivíduos buscarem a realização de suas necessidades básicas, como a fome, por exemplo, e também as prazeirosas.
Parte da libido é reprimida a partir do complexo de Édipo, parte é deslocada para outros atos humanos como estudar, fazer arte, trabalhar e outras atividades que temos ao longo de nossas vidas, e uma última parte fica disponível para o prazer sexual.
A libido é a energia que move o homem a se relacionar com os objetos. Se não fosse pela libido o homem não iniciaria sua relação com o mundo. É esta energia que garante que as crianças comecem a brincar, locomoverem-se e explorar a realidade à sua volta.
A capacidade de canalizar a libido para o mundo exterior é fundamental para o equilíbrio do ser humano. Problemas nesta canalização podem ocasionar falhas na socialização, como o autismo, auto-agressão, masturbação compulsiva e outros distúrbios de comportamento. Na linguagem comum, a libido pode ser entendida como “vontade” e para entender melhor este conceito podemos nos remeter a nossas expressões quotidianas: “não estou com vontade”; “sem vontade não há solução”.
Estas formas de expressão sinalizam a importância da libido em todas as nossas ações. Libido é um termo que significa vontade e desejo. De um ponto de vista qualitativo, Freud definiu que a libido é irredutível a uma energia mental não especificada como propunha Jung. Para Freud a libido afirma-se sempre mais como um processo quantitativo, permitindo medir os processos e as transformações no domínio da excitação sexual.
Ricardo Sehnem
26 de mar. de 2008
A abelha e o negro escaravelho
Olhos abertos, sempre
O despertar da consciência
Eu caçador de mim
De sete em sete, uma pausa para crisalidar
Sempre me encantei com a beleza das borboletas, especialmente depois de conhecer o processo pelo qual elas passam até que estejam maduras o bastante para romperem a crisálida e se mostrarem tão estonteantemente belas.
Durante a fase de crisálida, a lagarta é transformada em borboleta. Dentro das crisálidas ocorre o seu processo de crescimento. Esta rápida e brusca mudança é chamada metamorfose. Quando a transformação está completa, a crisálida se rompe e a borboleta sai de seu interior.
Quando suas asas ficam esticadas e secas, ela está pronta para voar. Enquanto larva, busco uma nova lucidez, um novo degrau dentro do meu coração; e a beleza e prontidão para o vôo, no meu caso, têm a ver com a conquista desta clareza interior, que me revelará uma nova mulher e, certamente, uma nova escritora, já que escrever está para mim assim como fazer o mel está para a abelha. Fazendo uma retrospectiva, novamente me dei conta de algo que havia notado quando estudei Antroposofia e os preceitos de Rudolf Steiner: minha vida tem acontecido em setênios.
Na antiga cultura grega costumava-se dividir a vida humana em dez períodos de sete anos ou setênios. No início do século XX, Rudolf Steiner retomou essa idéia, que tem larga aplicação nos estudos biográficos realizados por psicólogos e médicos que trabalham orientados pela Antroposofia.
No meu livro "Alma Gêmea Segredos de um Encontro" descrevo mais detalhadamente essa teoria e como ela se desenrola em nossas vidas.
Mas aqui, agora, o que sei é que aos 7 e aos 14 anos de idade, minha vida foi marcada por acontecimentos familiares que influenciariam para sempre meu modo de enxergar as relações pessoais.
Aos 21, além de terminar a faculdade de jornalismo, casei e engravidei de meu único filho. Aos 28 tornei-me escritora de fato.
Rosana Braga
25 de mar. de 2008
Elevador aquário!
Mudamos nós ou mudaram as crianças?
Me pergunto:
O que acontece com eles quando a sociedade investe num amadurecimentoprecoce e exigente, impondo um modelo de pequeno adulto a ser seguido?
O que tem de diferente a criança do terceiro milênio?
o acesso à internet, a velocidade das comunicações, o conhecimento precoce sobre temas como clonagem, violência, transplantes e seqüestros, balas perdidas, terrorismo, está mudando a natureza infantil?
Até que ponto o amigo virtual, a forma de brincar interagindo com a máquina, o vídeo game e sua ética de adquirir novas vidas todas as vezes que vence oumata o adversário, o hábito de comprar brinquedos e não construí-los e usarmuito mais os dedos que as pernas , a brincadeira sedentária e solitária, a presença da realidade substituindo a fantasia, roupas de adulto, salto alto, baton e o namoro precoce, sobretudo a sobrecarga de responsabilidade, horários e compromissos está mudando a identidade infantil?
Mudaram as crianças ou mudamos nós?
No contato com milhares de crianças, que a minha experiência profissional me permite, percebo que elas não mudaram. Têm um olhar encantador de manhãs douradas, têm mãos inquietas como as do criador, têm sorrisos abertos e doces como a brisa da tarde. Ganham tempo olhando formigas, sentindo a terra e provando o orvalho sempre que incentivadas.
Mudamos nós, que deixamos de falar de estrelas, sacis e cucas. Que esquecemos de olhar o céu, de ver o manto estrelado da noite, de pensar nas cores dos peixinhos do mar, nos brilhos dos raios do sol, nas cores do arco-íris. De cantar e contar histórias. Ficamos estáticos, deixamos de voar nas asas das borboletas e dos pirilampos. Trocamos a leveza dos sonhos e da fantasia pelo peso de uma realidade que cai sobre nossos ombros e nos paralisa de tanto cansaço.
A nossa verdade ficou dura e a nossa realidade cinzenta. Mudamos nós que apressamos a vida, que contabilizamos sorrisos, olhares, palavras e dinheiro, que fazemos das crianças seres como nós, que impomos etapas queimadas, que lhes impingimos agendas cheias de horários estressados, roubando deles o tempo e o espaço de ser criança, a ternura e a descomplicação de um ser que tem que ter seu tempo de crescer normal, para existir completo.
Mudamos nós, quando nos conformamos com o que foi feito das nossas crianças. Pequenos adultos com gastrite e colesterol, presos em apartamentos, longe do sol, expostos à solidão do brinquedo eletrônico. Aprendendo a vencer para não ser vencido, a matar para não ser morto, a confundir a vida real com a realidade virtual.
Mudamos nós quando esquecemos a simplicidade de uma brincadeira que favorecea intimidade e o toque, que aproxima mãos olhares e corações, trocamos o pirulito que bate bate, a largata pintada a pintalaínha, a brincadeira que investe na descoberta do outro na parceria na troca de informação e cooperação, pela passividade de telespectadores e cinéfilos. Brinco com crianças toda a minha vida, aprendi com elas que benéfico é sempre o equilíbrio.
Que elas tenham acesso a toda modernidade, mas também sejam garantidas horas livres, companheiros, espaços de vida ao ar livre, a oportunidade de inventar e criar seus próprios brinquedos, de conviverem entre si e inter classes, para aprenderem a respeitar o conhecimento alheio,valorizar a troca de saberes e desenvolverem uma convivência democrática e participativa na sociedade que tem na sua cultura da brincadeira, a identidade da infância brasileira.
24 de mar. de 2008
Dívida eterna
O que há dentro de nós
Violência!
23 de mar. de 2008
Napoleão
Não tendo possibilidade de progredir no meio de oficiais de sangue bemmais azul e tradicional do que o dele, não titubeou em debandar pelo lado da Revolução, ganhando, assim, os favores da Assembléia Nacional. O resto da escalada se deu pela sua peculiar habilidade em se movimentar no sangrento e esquizofrênico ambiente da época. Abraçou a causa revolucionária a seu modo e, mesmo quando se proclamou imperador, manteve a fachada de antimonarquista que aglutinava emsua volta forças ideológicas populares e emergentes. O que não lhe impediu de casar-se com a duquesa Maria Luisa d’Áustria, da casa real de Adsburgo, sobrinha-neta da rainha guilhotinada Maria Antonieta, consorte de Luiz XVI.
Objetivo, pragmático, ele foi o próprio "príncipe" que Maquiavel idealizou e não conheceu. Capaz de tomar decisão moral e espiritualmente perigosa sem piscar, Napoleão colheu extraordinárias vitórias conjugando dotes de comandante de exército, de letrado- filósofo e de político - eclético, observador, frio, carismático e determinado como Xenofonte, Alexandre o Grande ou como Júlio César, sabia dosar commaestria suas aspirações pessoais com os desígnios "sobrenaturais" que pousavamem sua alma inquieta. Rigor espartano, carinho paterno, inabalável na capacidade de aceitar a responsabilidade, capturava a fidelidade dos soldados transformando ovelhas em leões, desvalidos em heróis.
Napoleão se sentia em casa em pleno inferno, sem se perturbar com o sofrimento e a morte. Misto de loucura e de cálculo, estóico e messiânico, Napoleão assistiu ao suicídio de um oficial subordinado, inconformado com sua decisão "desumana", sem mudá-la ummilímetro. A ele se referiu umoficial piemontês derrotado, "a impressão que se tinha desse jovem comandante era de dolorosa admiração; o intelecto ficava deslumbrado com a superioridade de seu talento".
O mundo se ajoelhou,mas não foi vencido por ele. Um atento estudioso, Karl Von Clausewitz, procurando as razões dos triunfos napoleônicos, observou: "Força moral, mais que números, é o que decide a vitória. O moral está para o físico como três para um". Nenhuma saudade de Napoleão, mas a moral que ele tinha para arrastar homens ao sacrifício, hoje não se encontra em lugar nenhum!
Vittorio Medioli
O resgate de Napoleão
Outro fator que contribuiu para os planos dos franceses foi a decisão do Departamento de Estado americano de designar um representante permanente em Recife, o cônsul Joseph Ray, que desempenharia papel significativo no decorrer da Revolução de 1817, abrigando em sua casa cidadãos franceses que chegavam para incorporar-se à expedição que iria seqüestrar Napoleão. A oportunidade era esplêndida para os emigrados franceses nos EUA, que se aproveitaram dos bons ofícios de Cabugá em Washington e da estratégica posição de Ray em Recife.
Vasco Mariz
22 de mar. de 2008
A orquestra
Não vou pra Pasárgada
Pasárgada podia ser um bom lugar, onde se acredita nas instituições e nos líderes, onde vale a pena ser honrado e os malfeitores vão direto para a cadeia, onde se tomam providências antes que tudo desabe. Lá, ao contrário daqui – em que a manada se divide entre os ingênuos, os que sabem das coisas mas se conformam e os aproveitadores –, autoridade serve para cuidar do bem do povo, decoro é simplesmente decência, seja em algum cargo, seja na vida cotidiana de qualquer um.
Na minha nova pátria eu tentaria não escrever mais sobre o que por estas bandas tem me angustiado ou ameaça transformar-se num tristíssimo tédio: sempre os mesmos assuntos? Mandaria só questionamentos sobre o que faz a vida valer a pena: as coisas humanas, como família, educação, transformações, relacionamentos e separação, responsabilidades e escolhas, alegria, vida e morte, incomunicabilidade e o mistério de tudo – até a dor (mas que seja uma dor decente).
Nem problema de transporte eu teria: para Pasárgada se viaja com o coração e o pensamento. Ainda bem, pois de avião seria loucura e risco. Desses meses todos me ficou inesquecível o trabalhador humilde cochilando numa cadeira de aeroporto que, entrevistado sobre toda a confusão, respondeu: "A casa já caiu, o brasileiro tem de se conformar". Ninguém faz nada? – perguntam-se as pessoas, no limite de sua capacidade de espanto. A impressão que estávamos tendo, nós, comuns mortais, era que resolver problemas e impor ordem importava bem menos do que distribuir ilusões como quem distribui pirulitos. É para rir ou para chorar? Ora rimos, ora choramos, esse é o novo jeito brasileiro de ser.
Cresce a economia, encolhe a respeitabilidade; pisca uma luzinha de esperança, mas a seriedade extraviou-se. Poucos andam à sua procura. Aumenta o isolamento dos homens e mulheres públicos respeitáveis, que mais parecem dinossauros sobreviventes de um tempo em que seria totalmente impensável o que hoje é pão nosso de cada dia. Eu ia embora porque enjoei dessa repetição obsessiva de fatos que provocam insônia no noticioso da noite e náusea no café-da-manhã. Ia partir sem endereço, sem telefone, sem e-mail. Levaria comigo pássaros, crianças e esta paisagem diante da minha janela (com nevoeiro, porque aí é de uma beleza pungente). Levaria família, amigos, livros, música e o homem amado. Ah, e as minhas velhas crenças de que não somos totalmente omissos ou sem caráter, portanto este país ainda teria jeito, embora neste momento eu não tenha muita fé nisso.
Achei que em Pasárgada eu correria menos risco de me tornar descrente: eu, que detesto o ceticismo e não vivo bem com os pessimistas, agora tenho medo de me contagiar. Podia me livrar da suspeita de que por trás de tudo isso existe algo muito sério, gravíssimo, que nós, rebanho alienado, desconhecemos. Quem sabe até terminasse o romance que venho escrevendo, num compasso de desânimo que nada tem a ver com literatura: nasce do meu amor por este país, ao qual dei meus filhos e meus netos para nele crescerem.
Mas então, entre lideranças que negavam qualquer problema, fazendo afirmações estapafúrdias e divertindo-se talvez com nossa agonia, soprou um vento de lucidez e autoridade – parece que as coisas se reorganizam. Botar a casa em ordem ao menos nos aeroportos não podia ter levado tanto tempo, pobres de nós, mas hoje não precisarei ter medo se um de meus filhos viajar de avião. Amanhã é um enigma (sabe se lá o que vai acontecer no breve intervalo entre escrever esta coluna e ela ser publicada).
E assim, na última hora, decidi ficar. Acho que me sentiria como quem deserta de um grupo com o qual tem laços muito fortes: meus leitores. Os que me acompanham, os que pensam diferente e até os indignados – às vezes por terem lido algo que nem estava ali. Todos são importantes para mim. Com eles tem sido imensamente estimulante partilhar alegrias e preocupações, descobertas ou receios. Afinal, somos irmãos, filhos desta mãe, que, com decoro, firmeza e vontade, será melhor do que qualquer Pasárgada inventada.
A ética dos encontros descartáveis
O "ficar", então, se legitima. Homens e mulheres experimentam, por meio da projeção, aquilo que não são e desenvolvem a fobia da entrega, do compromisso e da rejeição, autorizando a ética do provisório - uma lógica que interpreta um conjunto de valores passageiros e tenta estabelecer entre eles alguma ordem que os justifique.
Silvia Graubart, analista junguiana
21 de mar. de 2008
Quaresma
A Quaresma deverá ser um tempo para “jejuar” alegremente de certas coisas e também para “fazer festa” de outras.
Neste tempo deveremos:
- jejuar de julgar os outros e festejar porque Deus habita neles.
- jejuar do fixarmo-nos sempre nas diferenças e fazer festa por aquilo que nos une na vida.
- jejuar das trevas da tristeza e celebrar a luz.
- jejuar de pensamentos e palavras doentias e alegrarmo-nos com palavras carinhosas e edificantes.
- jejuar de desilusões e festejar a gratidão.
- jejuar do ódio e festejar a paciência santificadora.
- jejuar de pessimismos, e viver a vida com otimismo como uma festa contínua.
- jejuar de preocupações, queixas e egoísmos; festejar a esperança e a Divina Providência.
- jejuar de pressas e angústias; fazer festa em oração contínua à Verdade Eterna.
Quaresma tempo de encontro com Deus.